Heterossexismos?! Não, não, não!!!!

| |
“Os discursos que acima de tudo nos oprimem, lésbicas, mulheres, e homens homossexuais, são aqueles que tomam como certo que a base da sociedade, de qualquer sociedade, é a heterossexualidade”. (Monique Wittig)



É com essa frase genial de Monique Wittig que inicio minha (modesta) participação neste blog. Admito que sempre quis escrever um blog. Colocar a boca no trombone, dizer o que penso, questionar, filosofar. E agora, à convite da nossa querida Pehnoir, eis-me aqui. Minha proposta pra essa coluna? Pensar, pesar, pensar. Mas não pensar sozinha. Nem fazer afirmações como se elas fossem verdades absolutas. Afinal, existem verdades absolutas? O que é a verdade? Bem, essa discussão fica pra uma outra hora. Enfim, voltando: a proposta desta coluna é que nós, eu e você, pensemos. Porque sim, antes de rebolar, nós pensamos!!!

Procurei algum artigo que me inspirasse a trazer alguma discussão interessante aqui, para essa primeira postagem. Achei alguns. Escolhi um de Luiz Mott, publicado na revista do Mestrado em Educação, intitulado “O jovem homossexual: noções básicas de direitos humanos para professores, professoras e para adolescentes gays, lésbicas e transgêneros”. Por que este artigo, especificamente? Bom, porque todos freqüentamos a escola, porque a escola atua massivamente na formação dos indivíduos e porque, como diria Luiz Mott, a escola está inserida em uma sociedade “intolerantemente heterossexista”. A pergunta que não quer calar é: que tipo de indivíduo deseja-se formar? (Ahhhhh, essa pergunta! Já perdi as contas de quantas vezes já a ouvi no curso de literatura em Educação Física... Porque não, eu não vou à faculdade pra “jogar bola”!!... Oooops, essa discussão não vem ao caso agora. Empolgay-me! Desculpem o desabafo). No tocante à orientação sexual dos jovens, Luiz Mott defende que os professores têm que fazer valer o direito à livre orientação sexual. Concordo com ele! Não só eu, o Estatuto da Criança e do Adolescente também. (Ufa!).

"Pretender “curar” um jovem gay ou adolescente lésbica fere um direito humano fundamental: a livre orientação sexual. Se a homossexualidade não é doença ou crime, porque impedir aos jovens homossexuais o livre exercício de sua identidade existencial?" (Luiz Mott)


O autor prossegue evidenciado que os professores têm que ter consciência de suas funções e responsabilidades, ao invés de atuarem como “cães de guarda da moral dominante”. De fato, ao invés de meterem-se com a orientação sexual de seus alunos, os professores (as) deveriam estar preocupados em levar informações, conscientizar as crianças e jovens, trabalhar o respeito mútuo, independente da orientação sexual, desenvolvendo a consciência crítica. Mais que isso: o modelo heterossexual não pode ser considerado o único, muito menos o certo!!! Com este intuito, Luiz Mott defende a necessidade de Educação Sexual Científica nas escolas. Eu, mais uma vez, concordo com ele. Em seguida, ele propõe a necessidade de uma Educação diferenciada para jovens gays e lésbicas. Nesse ponto, discordo!!! Educação diferenciada seria mais uma forma de segregação, uma forma de permanecer à margem, nos guetos. A temática da homossexualidade tem que ser abordada sim, mas em sala de aula, com todos os alunos presentes, de todas as orientações sexuais. Essa é a forma de conquistarmos o respeito que merecemos e ao qual temos direito: através da Educação (clichê necessário)... Pensem nisso.

Saiba mais:

Mott, Luiz. O jovem homossexual: noções básicas de direitos humanos para professores, professoras e para adolescentes gays, lésbicas e transgêneros. Revista do Mestrado em Educação, UFS, v. 7, p. 95-102, Jul./Dez. 2003.

Fonte imagem 1:
http://inconfidencias.blogs.sapo.pt/
Fonte imagem 2:
http://www.abalo.com.br/medos/index.htm

15 comentários:

Anônimo disse...

LezJour, muito interessante e, pertinente a discussão levantada...
Sou professora a quase 15 anos (por paixão)...
Estudei muito (teoria) pra ser professora...achei que seria uma mera transmissora de conhecimentos (liguísticos, matemáticos, históricos...blá...blá...blá...)porém, meus estudos teóricos, pouco me valeram (na prática do "campo de batalhas" que é escola pública brasileira)...todos os dias (únicos)...enfrento uma realidade diferente...quase sempre não consigo ser A PROFESSORA pois,(pra conseguir algo deles - alunos) tenho que ser PSICÓLOGA, MÃE, TIA (é assim que a maioria nos vê), AMIGA, CARRASCA, ANJO DA GUARDA...ETC...ETC..ETC..
e, meus anos...e anos de estudos não me prepararam pra nada disso...Depois de 15 anos...se adquire uma PEDAGOGIA PRÓPRIA...os teóricos são esquecidos, E TENTA-SE SOBREVIVER, fazendo a diferença pelo menos para os seus alunos...trabalho com quase 300 alunos entre, crianças, adolescentes, adultos e idosos - da massa à elite (um verdadeiro laboratório)
O que posso afirmar, é que...OS PROBLEMAS ACABAM SENDO OS MESMOS...(independente da idade ou classe social)...AS DIFERENÇAS (destaque isso)...(tirando alguns casos isolados)...A ESCOLA NÃO ESTÁ PREPARADA PRA LIDAR COM AS DIFERENÇAS - sejam quais forem...(sociais, raciais, religiosas, de opções sexuais, físicas...etc...etc..etc)...(inclusão=ilusão/políticagem - não é feita como deveria - o que acaba fortalecendo a segregação)
As causas de tudo isso (falta valores - amor, respeito, família, dignidade, responsabilidade, compromisso...)Lido com diferenças todos os dias...a base do meu trabalho. RESPEITO E CONFIANÇA...TODOS TEM VOZ NA MINHA SALA...DISCUTIMOS TUDO...sei da minha responsabilidade...Não pretendo mudar o mundo (SÓ O MEU PEDACINHO DELE)...
Espaços como este, discussões como estas são fundamentais...pra dispertar nas pessoas a consciência de seus verdadeiros papéis neste mundo..
Parabéns pela iniciativa...Obrigada

P.S.Sei que me empolgo, quando comento aqui mas, como professora não poderia me abster...

Charlotte disse...

A n disse....sou eu, ok, Pehnoir?
kkkk...escrevi tanto que faltou caractéres pro resto(ara Rúbia)...(risos)...

San Okeoman disse...

Nem vou colocar nada tipo um texto, mas acho que um simples comentário.
Seja Bem Vindo Luiz,
Muita sorte pra ti e todos do Blog

Anônimo disse...

Olá, Nara Rúbia!!

Poxa, fico muito feliz que minha postagem de estréia tenha atingido o objetivo a que me propuz: gerar reflexões e discussões construtivas! Muito legal essa interação!!

E eu que tenho que agradecê-la pela participação: Obrigada!

Abraço!

Anônimo disse...

San, fico feliz pela sua participação aqui!!

A postagem não é do Luiz, é minha, LEZJOUR!
(...Luiz Mott é apenas o autor do artigo que citei).

abraço!

Peh Noir disse...

Lezjour... Chega como uma bela tarde... Crepúsculo...

O claro e o escuro com seus limites, definições em matizes exatas, mas não obvias. Cores fascinantes, degradê em rosa... Ou púrpura... risos.
Pronta a dar tons exatos a este singelo Leboblog... Acertadamente vc traz... O fiel da balança...

Uma bela parceria ao sabor do lusco fusco... Dêem boas vindas à moça do dia... Do entardecer diário... Da reflexão... Uma salva a Ela... Que vai permitir a PEHNOIR divagar pelo doce e inebriante mundo da futilidade sem perder o juízo.

Lady Desdém disse...

olá! Gostei muito do texto Lezjour, eu já vi uma palestra do Luiz Mott ele escreveu um livro sobre a economia no Piauí, ou algo desse tipo não lembro bem só lembro que achei a palestra uma porcaria. Mas pelo o que vc mostrou desse artigo dele, parece ser bem interessante. Vai ver ele estava num mal dia e deu uma palestra ruim!rs
Mas falando nesse assunto do respeito dentro de sala de aula e tals, gostei bastante da ideia de tratar isso na escola, entre os alunos ajudaria muito em quebrar esse preconceito que existe. E quem sabe tb quebrar esteriótipos né? do tipo: mulher que joga futebol é necessáriamente lésbica, mulher que se veste muito feminina é impossível ser lésbica ou se uma pessoa tem amigos gays ela tb necessáriamente eh gay. Isso na visão heterossexualista (jesus, essa palavra existe)... È inaceitável que ainda hj existam pessoas que levam porrada no meio da rua simplesmente por ter uma opção(orientação... naum sei que palavra eh melhor usar)sexual que não eh a tida como "normal" na sociedade. Tenho vários amigos gays, e fico super mal qdo vejo alguns tipos de comentários vindo de amigos ou conhecidos, piadas pejorativas, comentários desnecessários... e me sinto desarmada sabe? Muitos que já me conhecem olham pra mim e veem a cara de desaprovação, mas mesmo assim passa 10 minutos e os comentários surgem novamente. Não é fácil mudar a opnião e forma de pensar de uma pessoa com 20, 25 anos... mas se começarmos a ensinar o respeito e aceitar as diferenças (quaisquer que sejam elas) teremos futuras gerações muito mais inteligentes e educadas principalmente! É um tanto utópico isso, mas se naum acreditarmos que as coisas podem mudar e melhorar de que adianta viver né?
ahhh só naum gostei muito do título "Heterossexualismo?! não, não, não!!!" ai tu quebra com minhas pernas né?rsrsrsrs Que tal "Heterossexualismo e Homossexualismo?! sim, sim, sim!!!" rs
bjus
otimo texto, parabéns!

Anônimo disse...

"Querolaine" minha querida, obrigada pela visita!!
É uma honra tê-la por aqui!!

Não é heterossexualismo não linda, é HETEROSSEXISMO... FOI FALHA MINHA não ter explicitado melhor o significado da palavra... NÃO É NADA A FAVOR DOS HOMOSSEXUAIS E CONTRA OS HETEROSSEXUAIS!! DEFINITIVAMENTE NÃO É ISSO! É só contra a visão de que a heterossexualidade seja a única orientação sexual natural, ou, a única orientação sexual "certa"...

Vou colar, logo abaixo deste comentário, a definição exata de heterossexismo segundo o Grupo Gay da Bahia... Assim esclareço as eventuais dúvidas que eu possa ter deixado na postagem que fiz.

Anônimo disse...

O QUE É HETEROSSEXISMO?

O termo "heterossexismo" não é familiar para muitos porque é relativamente recente. Só há relativamente pouco tempo é que tem sido utilizado, juntamente com "sexismo" e "racismo", para nomear uma opressão paralela, que suprime os direitos das lésbicas, gays e bissexuais. Heterossexismo descreve uma atitude mental que primeiro categoriza para depois injustamente etiquetar como inferior todo um conjunto de cidadãos.
Numa sociedade heterossexista, a heterossexualidade é tida como normal e todas as pessoas são consideradas heterossexuais, salvo prova em contrário. A heterossexualidade é tida como "natural", quer em termos de estar próxima do comportamento animal, quer em termos de ser algo inato, instintivo e que não necessita de ser ensinado ou aprendido.
Quando seres humanos dizem que algo é "natural", em oposição a um comportamento "adquirido" através de um processo de aprendizagem, geralmente querem dizer que não é possível desafiá-lo nem mudá-lo e que seria até mesmo perigoso tentar fazê-lo. No passado, dominava a idéia de que os homens eram "naturalmente" melhores nas ciências e no desporto e líderes natos, mas as mulheres tiveram a oportunidade de desafiar estas idéias e de mostrar o homem e a mulher numa perspectiva completamente diferente. Este desafio foi facilmente perpetuado assim que se começou a evidenciar que os homens são empurrados para posições de vantagem por uma sociedade que está estruturada para os beneficiar, um processo (a opressão das mulheres) mais tarde denominado de sexismo. Do mesmo modo, tem-se tornado evidente que a heterossexualidade, tal como a dita superioridade masculina, é tão natural, como adquirida. O facto de a maioria dos homens e mulheres a escolherem como a sua forma preferida de sexualidade tem por vezes mais a ver com persuasão, coerção e a ameaça de ostracização do que com a sua superioridade como form
O heterossexismo está institucionalizado nas nossas leis, órgãos de comunicação social, religiões e línguas. Tentativas de impor a heterossexualidade como superior ou como única forma de sexualidade são uma violação dos direitos humanos, tal como o racismo e o sexismo, e devem ser desafiadas com igual determinação.

Fonte: http://www.ggb.org.br/o_que_e_homofobia.html

Peh Noir disse...

Minha adorada Lez diária (LezJour)... Posso fazer um parêntese?! hum?

Querida ... seu didatismos me fascina. E inteligência é um enorme afrodisíaco... Alguém discorda?!

agora beleza erudita... vamos criar uns verbetes... Hum! Verbetes... adoro verbetes... Uma fixação no meio de tantas outras.

Fica a idéia, mas o trabalho é seu... Quero ser a cigarra desta relação na blogosfera... Nada contra não é?!

Anônimo disse...

Uhmmmm, minha blogueira querida, vejo que estamos em sintonia... Isso é bom!!

Estava mesmo com a intenção de trazer a definição de uns verbetes na próxima quarta... Aguarde-me...

Peh Noir disse...

Hahahahaha... Vc sabia q tenho bolas (isso mesmos... no plural)de cristal.... Sou capaz de ler pensamentos... Mas não uso pq tenho preguiça... Sou um poço de vícios.

Ah! Quero ver antes... Sabe, passar a revista mesmo... Pra manter a sensação de controle... Assim diminui o uso de meu lexotan... Mas tenho uma ligação afetiva com ele... De fato.

Risos... Ai Madonna Mia... Eu mesmo não me aguento... Pleaseeee me parem!!! Tô achando q sou comediante... Que seja... Eu morro de rir essa é a verdade.

Lady Desdém disse...

ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh jesusssss!!!
Me desculpeeeee EUUU Lezjour, que sou retardada e desaprendi a ler... puts que falha "nossa" gigante credo!
Esquece ai esse meu último paragrafo do tópico!rsrsrs
ah e me metendo ai na conversa de vcs, um verbete eh uma ideia muito interessante!

Anônimo disse...

Uhmmm... PehNoir, minha querida blogueira, você está começando a folgar!!!! Rsrsrs! (Vocês também sentem isso?!)

"Passar a revista?"
"Sensação de controle??"
Mesmo, PehNoir?!?!?! Pra cima de mim, BABY?!?!

LEZJOUR é autônoma... e sua escrita, livre como um pássaro...

Peh Noir disse...

Mocinha
Entrei no ciclo da TPM... respondo vc no devido momento... após o caos se assentar... E tenho dito.

Pingar o BlogBlogs

pro seu blog

Copyright © 2008 The L Word - Blog Brasil. All Rights Reserved